quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Mistura perfeita (Ginástica e Musculação)

Houve uma época em que a turma que fazia ginástica localizada e o grupo da musculação não se bicavam. Quem frequentava as aulas coletivas não chegava nem perto dos aparelhos e vice-versa. Hoje em dia, no entanto, as modalidades andam juntas. Os pesos já se tornaram comuns na ginástica e os exercícios livres integram as séries da musculação com cada vez mais frequência. Especialistas dizem que este caminho do meio é o melhor, tanto para aprimorar a saúde quanto para obter bons resultados estéticos.
A localizada e a musculação têm, grosso modo, o mesmo objetivo: trabalhar força e resistência muscular, gerando hipertrofia. Mas, claro, para quem quer ganhar massa muscular, a musculação é bem mais eficiente. E rápida.
— A musculação cria condições ergonômicas de isolar a musculatura a ser trabalhada com mais eficiência e segurança — explica César Pardas, diretor e supervisor de atividades coletivas da rede Proforma. — Com isso, dá para executar o movimento com muito mais sobrecarga do que com o peso livre e o ganho de força e a hipertrofia são maiores.
Localizada queima mais calorias
Porém, explicam especialistas, o uso de pesos livres nas aulas de ginástica faz com que vários grupamentos musculares sejam trabalhados ao mesmo tempo. Coordenação e equilíbrio são exigidos, ao lado de força e resistência, gerando ainda um trabalho cardiorrespiratório. Por isso, ficamos ofegantes na localizada, o que raramente ocorre nos aparelhos. O gasto calórico é superior.
— Com o peso livre a vantagem é trabalhar não apenas o motor primário daquele movimento (um músculo determinado), mas todos os chamados estabilizadores, como os do abdômen e da lombar — afirma Felipe Barboza, professor de ginástica localizada da Estação do Corpo. — São mais músculos trabalhando ao mesmo tempo, o que aumenta o gasto calórico, e executando movimentos mais próximos dos do dia a dia.
O trabalho na musculação, por sua vez, é mais específico, uma vez que as séries são individualizadas. Numa aula coletiva, isso é bem difícil. Mas o grupo em si é uma grande vantagem da localizada, como apontam os próprios alunos. A aula com música e interação com colegas e professor é divertida e estimulante.
— Para você ter uma idéia, sou responsável por 1.800 professores e raramente ouço queixas sobre técnica, exercício — conta Eduardo Netto, diretor-técnico da rede Abodytech. — Uma das principais reclamações que recebo é sobre música, se o cara repete muito, se não escolhe bem. Para você ver como isso é importante. E tem toda a questão do social, do coletivo. As pessoas gostam de treinar juntas. Uma acorda a outra para ir à aula. Na musculação, o cara passa pela roleta com o Ipod no ouvido, não fala com ninguém, treina só.
De modo geral, a ginástica localizada é mais completa que a musculação. Para quem só tem tempo de fazer uma hora de aula, três vezes por semana, é melhor optar pela localizada, que reúne um pouco de tudo. Mas este, justamente, pode ser seu ponto fraco.
— A ginástica tem exercícios mais globais, gasto calórico mais elevado, solicitação cardiorrespiratória, é mais equilibrada — confirma o professor Marcelo Cabral, da musculação da Proforma. — Mas precisa ser complementada também. Como passa um pouquinho por tudo, não é tão eficiente no ganho muscular, por exemplo, nem no condicionamento aeróbio mais avançado.
O ideal é combinar as modalidades, de acordo com as necessidades de cada um e os objetivos do treinamento. A tendência já é comum nas principais academias.
— Exercícios clássicos da ginástica estão na sala de musculação. As coisas estão se misturando — atesta César Parcias. — Num primeiro momento, a ginástica começou a trabalhar com mais peso. Agora, a musculação incorpora exercícios da ginástica.
Séries com pesos livres, caneleiras, bolas, cordas e bosu são cada vez mais freqüentes na musculação. Muitas séries hoje têm mais de 50% dos chamados exercícios funcionais — aqueles que simulam atividades do cotidiano, bem diferente dos feitos nas máquinas. As aulas de ginástica, que completam este ano 80 anos de prática regular no Brasil, também mudaram.
— No início, as aulas de ginástica, era aquela coisa militarista, a repetição pela repetição, sem base científica — conta Felipe Barboza. — Aí veio o boom das aulas de aeróbica, nos anos 80. Hoje, a aula de ginástica está mais lenta, com mais sobrecarga, sem perder a coletividade, a musicalidade, que é o que mais atrai os alunos.
As duas atividades podem, e devem ser complementares.
— Por muito tempo, houve uma coisa muito diferenciada entre musculação e localizada. Quem fazia uma dificilmente fazia outra — diz Marcelo Cabral. — Hoje mudou bastante. As atividades são complementares. O problema maior é a falta de comunicação, quando não há ajustes.
Em muitos casos é possível recomendar para um aluno que faz localizada, dois ou três aparelhos de musculação, para atender a uma necessidade específica. Caso clássico é a parte interna da coxa e das costas, mais difíceis de serem trabalhadas nas aulas coletivas.
— Nenhuma atividade é milagrosa, 100% completa — resume Parcias. — A melhor é a que é feita com prazer. Não há nada melhor do que treinar motivado. O legal é montar um programa complementando a atividade escolhida pela pessoa com outros exercícios focados em aspectos não trabalhados por ela.

Fonte: CONFEF
 

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