terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Treinamento: Individualizado! Com ou sem Personal Trainer

(Escrito por Felipe Nassau) 

Áreas de conhecimento

            O treinamento esportivo envolve uma série de habilidades e competências e a boa relação entre todas elas é quem determina a sua qualidade. Podemos relacionar fatores inerentes à área biológica como a anatomia, que é o estudo dos componentes morfológicos do corpo humano, a bioquímica que estuda as interações entre produção de energia, respostas hormonais e ações enzimáticas, a nutrição esportiva que estuda como evoluir atletas e praticantes de exercícios a partir da maneira como se alimentam, a fisiologia do esforço que estuda a dinâmica do funcionamento do corpo humano, interações bioquímicas e biofísicas e como são alteradas em função do treinamento, dieta, sono, distúrbios e doenças. Há também a cinesiologia e biomecânica que estudam os movimentos humanos e como melhorá-los, que também tem uma íntima relação com a fisiologia. Todas estas áreas do conhecimento são a base do treinamento desportivo, que estuda formas de aplicação mais favoráveis a um desenvolvimento mais expressivo e mais seguro ao indivíduo que se submete a ele.
            Esses princípios do treinamento não servem apenas para atletas, mas sim, para todos que tem um objetivo físico a ser alcançado através do exercício, seja ele, um ganho de massa muscular, a perda de gordura (para se sentir bem com o corpo ou até para se tornar um culturista), o tratamento de doenças metabólicas e estruturais, ou seja, se houver um objetivo físico almejado, os princípios do treinamento desportivo devem ser respeitados de acordo com o conhecimento baseado em comprovações científicas. Isto não só potencializa os resultados, mas também, garante a segurança do praticante.

Qualidades e capacidades de um bom treinador/professor

            Além disso, um treinador competente deve ter uma constante atualização dos conhecimentos citados acima, dedicação pessoal para aperfeiçoar sua utilização, uma boa capacidade de raciocínio e pensamento clínico para saber como aplicá-los a cada indivíduo e, se possível, uma vasta experiência profissional e pessoal com o treinamento com o qual trabalha.

Anamnese e periodização - Planejamento

            As variáveis que compõem um treinamento são inúmeras como carga, intensidade, volume, freqüência (treinos/semana), dias de descanso passivo (sem treino), descansos ativos (treinos leves ou recreativos). Não existe um modelo certo, mas sim a conexão entre estas variáveis dentro de um planejamento coerente para atingir um resultado num período de tempo pré-determinado, o que chamamos de periodização.
            Como exemplo, sempre perguntam se é melhor realizar mais ou menos repetições, utilizar mais ou menos carga, realizar o exercício mais ou menos vezes e quantas vezes por semana... e a única resposta correta é: DEPENDE!!! Depende de quem vai fazer, de qual é o objetivo, depende da dieta que o indivíduo segue, da qualidade e da quantidade do sono, do estilo de vida, do nível de estresse em relacionamentos pessoais e no trabalho e, principalmente, da motivação individual para se esforçar nos treinos, modificar estilos de vida, seguir a sua dieta... tudo isso é a base para uma boa periodização.
            Logo, o primeiro passo para um bom treinamento é saber quem é o seu aluno ou atleta e até onde ele quer chegar. Isto só pode ser conseguido através de uma conversa muito franca entre o treinador ou professor e o aluno para traçarem um objetivo juntos, o que chamamos de anamnese. Lembrando que o objetivo é sempre o do aluno, o que cabe ao treinador é criar estratégias para alcançá-lo. Uma boa anamnese é a primeira grande chave para um bom treinamento.
            Ao planejar a intervenção, o treinador deve explicar ao aluno o que deve ser feito e como deve ser feito (de acordo com o conhecimento científico), verificar se ele tem capacidade para realizá-lo e motivação para isto, e caso não tenha, se está disposto a superar-se. Caso negativo, o objetivo e a intervenção deverão ser mudados para alguma atividade que a pessoa queira fazer, desde que o aluno esteja ciente das prováveis conseqüências de realizar um trabalho incoerente com o objetivo inicial, como por exemplo não ter seu objetivo alcançado nem em menor escala. Isto nada mais é que respeitar a individualidade, um dos princípios mais importantes do treinamento físico.

Realidade das academias quanto à qualidade na prestação do serviço

            A maior falha nas academias começa aí. Quantas vezes uma boa anamnese é realizada? Na maioria dos casos esse procedimento consiste em verificar se há alguma doença associada. É perguntado o objetivo da pessoa e esta é enviada para o seu aquecimento e/ou alongamento enquanto o professor monta a sua planilha de treinamentos sem a participação efetiva do aluno e sem explicar a estratégia pretendida. Ou seja, o aluno não sabe o que será feito nem o porquê, não tem o poder de opinar sobre o treinamento e sai da academia sem saber se o que faz é realmente seguro e  eficaz. Isso sem falar que muitas das vezes a anamnese não é repetida nas trocas de treino, chegando ao absurdo de o aluno chegar na academia e a prescrição estar pronta, faltando apenas executar os exercícios.
            Muitas vezes, o professor, simplesmente reproduz o que já viu seus colegas fazendo, ou aprendeu em algum curso e sabe que dará certo, porém sem entender os meios de ação. O que em muitos casos funciona, mas caso dê errado, dificilmente saberá consertar, pois só conseguirá detectar a falha se conhecer profundamente o que está fazendo. Além disso, também não saberá aplicar em públicos com limitações.
Diante do avanço da ciência, alguns conhecimentos chegam às academias, porém existem dificuldades para colocá-los em prática. Como exemplo, há alguns anos, muitos acreditavam que realizar agachamentos profundos era muito perigoso para o joelho, porém, hoje, em boa parte das academias, os professores sabem que este é muito mais seguro que o agachamento parcial. Sabe-se também que a realização de treinos mais intensos e mais curtos na musculação é mais eficaz do que treinos volumosos com cargas baixas. Outro fato que tem vindo à tona é que o exercício aeróbio é muito pouco efetivo para o emagrecimento, principalmente se comparado à musculação intensa ou treinos mais anaeróbios na ergometria.
            Porém, estes conhecimentos que deveriam melhorar as prescrições de exercícios, podem até piorar, se mal utilizados, pois muitos os utilizam sem conhecerem suas bases e sem um pensamento clínico. Por exemplo: é frequente verificar que um treinamento prescrito para um aluno motivado, que dorme bem e tem uma dieta favorável ao treinamento também é utilizado para um aluno igualmente motivado a treinar, mas, que dorme mal, tem uma vida noturna agitada, consome bebidas alcoólicas e se alimenta três vezes ao dia. Será que o treinamento pode ser o mesmo para os dois?
Em face das evidências de que treinos mais curtos e intensos são mais eficazes, é comum observar as pessoas realizando mais esforço nas academias e passando menos tempo nela, porém a freqüência de treinamento parece muito negligenciada. Será que uma pessoa irá se recuperar de um treino pesado no mesmo período de tempo em que se recuperava de treinos leves? Será que poderá realizar oito tiros de velocidade máxima na esteira todos os dias, assim como fazia com os aeróbios de meia hora? Será que funcionará? Será que é seguro agir desta forma? Será que o conhecimento está sendo bem aplicado? A aplicação da Educação Física está evoluindo ou “involuindo” com novos conhecimentos?
               

Por que contratar um treinamento personalizado? Compromisso com o resultado e com a segurança

            O bom treinador se compromete com as metas de seus alunos. Isto não quer dizer que basta o aluno treinar bem para ter seus objetivos alcançados. Além disso, existem os fatores: sono, dieta, estilo de vida, estresse e, inclusive, limitações individuais. O compromisso está em realizar um bom planejamento, motivar o aluno para que realize tudo como deve ser feito e caso o resultado não seja o esperado, ter a capacidade de descobrir possíveis falhas e corrigi-las.
            Deve ter o compromisso de estar em contato com todos os profissionais de saúde envolvidos no objetivo como nutricionistas, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, para que possam agir em conjunto e oferecer o melhor serviço possível ao bem estar, saúde e qualidade de vida de quem investe em si.
            O preço do investimento pode parecer caro à primeira vista, porém, deve-se  compreender que é um serviço de excelência em saúde. Todo padrão de vida elevado tem seus custos. Frequentadores de festas badaladas chegam a gastar mais de R$ 500 reais num final de semana com bebidas, ingressos, hospedagens. Apreciadores da culinária e de vinhos chegam a pagar mais de R$ 300,00 em uma só refeição. Consultas médicas, nutricionais, dentre outras, custam em média R$ 250,00. Pessoas muito consumistas gastam milhares de Reais num simples passeio ao shopping. Se levarmos isto em consideração, um treinamento personalizado não é caro. Principalmente porque não é um investimento só em estética, mas sim em saúde e qualidade de vida, poupando futuros gastos com hospitais e remédios e prevenindo contra doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, osteoporose, entre muitas outras. O treinamento e seus princípios estão aí para elevar a qualidade de vida de todos, desde que bem planejado e bem acompanhado por um profissional competente e habilidoso.

Fonte: TrustSports

Nenhum comentário:

Postar um comentário